quinta-feira, 8 de julho de 2010

Copa do Mundo = Alienação?

Para muitos a Copa do Mundo é uma grande festa, não só uma celebração pelo encontro de culturas, mas uma forma de torcer pelo país e representar o que somos lá fora, e aqui dentro também. Por outro lado temos a Copa do Mundo como uns dias de folga. em que saímos mais cedo, entramos mais tarde ou então nem pisamos no chão do nosso trabalho.
Já há pessoas que acreditam que a Copa é a típica representação do pão e do circo, da coisa de povinho, feita apenas com fins comerciais para que a economia de países como o nosso avance e para que as pessoas passem mais tempo acreditando no País do Futebol e esquecendo-se de que as eleições estão próximas e de que temos que nos atentar ao que está acontecendo com o nosso governo!
Há uma verdade nisso, tendo em vista que a população torna-se absolutamente patriota a partir do momento em que é divulgada a escalação de nossa seleção. Aí então começam as especulações, os pessimismos e otimismos, a cerveja, os comentários, as matérias em jornais, a cerveja, revistas, comerciais e propagandas incentivadoras, festas temáticas, a cerveja, e então acontece o esperado primeiro jogo (coloca-se aí litros e mais litros de muuuuuita cerveja).
Já começam as liberações dos serviços e então o trânsito e São Paulo fica absolutamente caótico. Metrôs e trens não funcionam, rodovias e avenidas inteiras ficam travadas, barzinhos lotados e nenhuma alma viva nas ruas assim que o árbitro inicia a partida.
Tensão e torcida marcam quarenta e cinco minutos de um tédio aparentemente inesgotável onde não se aluga um filme, não se faz uma compra, não se paga uma conta, não se vai a um shopping. Aí então você se pergunta, o que eu vou fazer em lugares como esse? É o Brasil na Copa do Mundo! Não adianta insistir dizendo que nós não ganharemos nada se eles ganharem (afora o fato de que o presidente nos daria um feriado a mais!), mas fica claro como água que nós, brasileiros, temos uma vontade inesgotável de sermos melhores do que os outros, de provarmos que lutamos para vencer, para ganhar e que se nos contestarem já estamos dando gritos de vitória. Gritos esses acompanhados por malditos objetos coloridos que de corneta passou a ser chamado de vuvuzela (NOTA: seu criador permanece miserável, o que nos mostra que essa coisa só serve pra fazer barulho e irritar a sociedade).
E então temos o primeiro gol. O país "inteiro" grita, vibra, faz barulho e tocam essa desgraçada dessa vuvuzela. Tudo parece estar bem. Abraçamos uns aos outros, ganhamos cerveja de graça e nossa esperança cresce, além, claro, de nos chaparmos de um líquido que precisou ser importado para ser suficiente!
Se o outro time faz gol, todos juntos caímos com a cara no chão. Aí então fazemos análises, observamos o ângulo da bola para com o goleiro, a posição do caras em campo, a barreira e a trave. Impedimento, faltas, cerveja, xingamentos, cartões, gols, cerveja, substituições, gols, cerveja, berros, vuvuzelas, vuvuzelas, vuvuzelas...
Quando o jogo acaba com a vitória brasileira, o dia se torna um pandemônio. Todo mundo bebe, comenta, assiste a programas que reprisam os melhores momentos, lêem artigos sobre os jogos e viajam nesse tipo de coisa que acaba às seis da manhã do dia seguinte.
Trabalhamos com a mente na Copa do Mundo e com a cabeça na ressaca. Adoramos ficar menos no serviço para asssitir ao jogo (ainda que não entendamos nada), a paixão pelo chamado futebol cresce a cada segundo e então, os desconhecedores disso que chamam de "arte" (prrrr...), esquecem disso durante quatro anos quando seu país é desclassificado. É hipocrisia dizer que não torcemos nem um pouquinho pelo Brasil quando assistimos, ainda que não entendamos nada. Temos uma vontade de ter mais dias de folga, andamos de verde e amarelo, colocamos bandeirinhas no carro, lenços no pescoço, enfeites, tudo em referência ao Brasil! E se ele perde, arrancamos tudo e seguimos como se nunca houvesse existido.
Uma lavagem cerebral acaba de terminar quando o árbitro dá sua sentença final, com um fim trágico para nós.
E então, acordamos, novamente às seis da manhã do dia seguinte, uns debatendo sobre outros jogos, com essa verdadeira paixão futebolística, outros seguindo como se nada tivesse acontecido, mas, todos, sem exceção, com muito menos cevada no sangue, e um pouquinho menos alienado!



MEU ALTER EGO: Agora imagine a Copa do Mundo acontecendo em terras tupiniquins! Eu vou mesmo é me isolar em uma ilha deserta e só sair de lá quando essa zona passar. Ou isso ou então experimente estar no metrô faltando dez minutos para começar um jogo do Brasil. O horário de pico vem para as três da tarde!

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