sábado, 25 de fevereiro de 2012

Hora da Brisa: A Beyoncé virou mamãe

Não conseguimos aceitar a mudança de outra pessoa quando o eu anterior era mais legal pra gente, independente de seu crescimento pessoal.
A Beyoncé era Fierce, depois virou mamãe. O que ela vai fazer agora?
Marcela: Vai fazer que nem a Xuxa.


A pergunta é: fazer O QUE que nem a Xuxa???
Huhashashusahusauh...

[ESTUDO] Fuente Ovejuna - Lope de Vega

O governo segue a máxima do dividir para reinar, quanto mais conflitos houverem entre os governados, mais remota será a possibilidade de sua união para resolver questões que lhe atingem por parte dos governantes.
Em Fuente Ovejuna, o personagem do Comendador contrariou essa máxima. Ele entrou em conflito com uma minoria da população sem que essa minoria tivesse conflito com as outras partes da sociedade. Não houve desengajamento nesse caso, houve um engajamento contra o poder, promovido de modo indireto justamente por aquele que deveria fazer o oposto.
Bauman diz que tendemos a resolver questões individuais por meios coletivos, foi o que aconteceu. O estopim da revolução se dá com a personagem de Laurência gritando por justiça após ser violentada. Nesse ínterim, convoca essa minoria oprimida e provoca as outras partes da sociedade que, por serem um povo unido, compartilhavam seu sofrimento.
A união dessa massa, além de derrubar o poder opressor, se tornou ainda mais consistente quando defendem sua ação com um combinado que não foi dissolvido diante da mesa de tortura. Lope de Vega mostra que, de fato, o engajamento e a união dos governados pode derrubar qualquer poder. Bauman nos abre o olho para o que ocorre na nossa era contemporânea e nossa pouca ação diante disso.

Idiossincracia

O que Marília via era uma comitiva de formigas andarilhas, que percorriam sua vida de maneira degenerativa, pouco convidativa. Já faziam dias que não recebia visitas, a roupa se desfazia, os móveis se desfaziam, até sua auto estima se desfazia. Tudo era levado pelas inimigas unidas que não desistiam de seu objetivo de vila.
E já tentara de tudo, de venenos a outros seres pequenos, tentou matar, tentou tamanduá, tentou molhar e nada... só o que fazia era ver sua figura que jazia encostada, sem poder fazer nada.
Um dia, sua melancolia lhe tirou da apatia. Resolveu, de supetão, seguir aquele cordão que lhe causava comichão. A fila dava no porão, pra sua surpresa. E tudo estava uma beleza. Todos os mantimentos, tirados sem o seu consentimento, estavam dispostos como negócio: o que seria consumido, o que seria abatido, como seria dividido; tudo estava organizado, até o que seria usado, suas roupas, seu armário!
Enquanto paralisada, travou em si uma batalha, que mudou sua idéia e, consequentemente, sua cara amarela. Transformou então a sua vida.
O que Marília via era sua figura de tia, antes sozinha, sem ninguém, agora parte da cooperativa. Tudo o que fazia era carregar o que havia para dentro do lugar, que tinha coisas que há muito tempo não conseguia enxergar. Marília, nesse dia, se tornou parte das formigas, e o que antes não tinha vida, agora sentia que existia.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

[ESTUDO] Comunidade - Zygmunt Bauman


Bauman é, em alguns momentos, ácido em sua narrativa coberta de referências a pensadores, sociólogos e cientistas, tudo em prol de justificar seu ilustre pensamento.

O mito de Tântalo dá como lição que você só pode continuar feliz se mantiver-se alienado, ignorando a origem das coisas, sem tentar tomá-las em suas próprias mãos. Esse é o link com o "Comunidade". Se a comunidade passa a refletir, sugerir, questionar a si mesma, reiterar suas qualidades exaltando-as com lirismo exacerbado, perde imediatamente sua inocência. Perdida a inocência, nunca mais a comunidade vai desfrutar das "dádivas" que só eram permitidas sentir em seu estado.
Em suma, a era contemporânea, que busca a segurança em comunidade, está condenada à agonia de Tântalo, deixa escapar seu objetivo quando este lhe parece próximo às mãos.

A guerra contra a comunidade começou com a Revolução Industrial, quando indivíduos foram tirados de seus antigos hábitos e costumes para serem espremidos numa nova e rígida rotina no chão da fábrica. Os homens, com sua individualidade, foram transformados em massa trabalhadora.
Como passaram a produzir pela produção, não sentiam valor no trabalho que faziam e, para que nunca renunciassem ao trabalho, havia sempre pronta uma fiscalização pronta para brandir seu chicote se assim fosse preciso.
Aos poucos, esse sistema foi sendo substituído. Como o poder moderno consiste na capacidade de gerenciar pessoas, as forças que prendiam os trabalhadores nas empresas ficaram mais frágeis, pois, dada a incerteza acerca do próximo passo dos governantes, os governantes teriam pouca ou nenhuma chance de seguir novos planos, muito menos de se juntarem. O capitalismo promove a competição, tirando assim o caráter de união dos trabalhadores: quem trabalha mais, trabalha melhor, então ganha melhor. Neste caso, a sensação de "não há alternativa" foi substituída pela corrida rumo ao melhor, o que fez a obediência andar por conta própria.

A globalização tira ainda mais o sentido físico de comunidade das pessoas. Na luta pela sobrevivência, em que tudo e todos são instáveis, a probabilidade de existir um grupo de pessoas com uma biografia em comum durante períodos consideráveis ficam cada vez mais remotas. Uma massa de pessoas inseguras quanto ao futuro, divide e separa ao invés de unir os sofredores.

O governo pouco contribui para a construção de uma sociedade mais unificada, pois seguem a máxima do dividir para reinar. Eles promovem o desengajamento das massas, que, se tem pequenos conflitos entre si, pouco terão energia para pensar ou se unir para resolver conflitos maiores.
Nesse ínterim, os ídolos são uma espécie de fuga para as pessoas, um divisor de vidas por episódio. Eles vivem o que seria o "sonho de comunidade", afastando a vontade para o plano irreal do glamour. Tudo isso promove ainda mais o desengajamento.

É da natureza dos "direitos humanos" que os direitos individuais tenham que ser obtidos através de uma luta coletiva.
A luta pelo reconhecimento hoje em dia vai muito além do medo de "caras feias", ela atinge um nível muito maior e mais grave pois, aqueles que temem a diferença alheia, promovem os diferentes a diferentes. É o caso das cotas para negros, a privação dos direitos dos homossexuais, as dificuldades da nacionalização dos estrangeiros e de uma política amigável mundial, empregos e lugares específicos para deficientes físicos e um ideal cristão (sobretudo católico e evangélico) num mundo de múltiplas religiões e da não religião.
A sociedade não sabe lidar com as diferenças, pois querem acima de tudo que todos sejam como eles. É o caso da "minoria étnica", rotulados sem o seu consentimento. A sociedade teme que essas pessoas tenham destinos e lealdades divergentes dela, onde haja conflito de interesses, a aprovação vai estar sempre contra os que buscam, afinal, perturbaram a "ordem social" com sua "diferença".

O gueto é separado justamente por sua diferença étnico/social, onde há uma "raça" com o menor poder aquisitivo vivendo em locais distantes da grande maioria. Contudo, isso não faz de um gueto comunidade, pelo contrário, alimenta o ódio dessas pessoas, que vivem em humilhação e sofrimento. A experiência de gueto dissolve a solidariedade e a confiança mútua. O gueto é um laboratório de desintegração social.

A busca por segurança no mundo de hoje (individualizado e privatizado), é uma tarefa árdua que tem que ser realizada cada um por si. Todos buscam uma comunidade que não se afete pelas correntezas da turbulência global. No entanto, a busca por segurança requer um isolamento do resto do mundo, causando desconfiança para quem está do lado de fora dos muros e da cerca elétrica. Essa detenção pessoal elitiza algumas partes da sociedade, em geral aquela que tem dinheiro. Quando se está confinado em segurança, o que está do lado de fora parece assustador, perigoso. É um círculo vicioso, quanto mais segurança se tem, menos liberdade sente.

Como todos somos interdependentes, não podemos ser senhores de nossa própria jornada, sempre haverá um conflito externo a que temos que resolver coletivamente . É neste caso que a comunidade mais faz falta, e é também assim que mais tem chances de se realizar. Se houver comunidade, ela terá de ser obtida com sabedoria, respeito e conhecimento, e isso tudo parece tão longe em tempos como este.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Indiferença

O que é a indiferença? Indiferença é a displiscência da inocência, onde não faz diferença, só reticência. A indiferença também é a desavença pela carência. Quem prática indiferença tem a sapiência da paciência, e é notado pela alheia abstinência.
Para a indiferença há de haver malemolência, há de haver certa prudência. Indiferença é uma tendência a não preferência, é a conveniência da inconveniência, é a consciência de malquerência.
A indiferença é a crença em própria doença, sem licença de sentença, é uma puta falta de coerência, é a violência não violenta demandada pela persistência de gente sem experiência.
A indiferença é indiferente, e um dia toda a indiferença será questionada.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

iamamiwhoami #2

Mais vídeos e notícias sobre iamamiwhoami, aquela conta misteriosa do Youtube que já citei aqui e que agora pede citações novamente.

Não me lembro de ter visto, nos últimos tempos, vídeo tão estonteantemente genial quanto este, enviado no dia 14 deste mês:



Os comentários no Youtube estão recheados de teorias a respeito desse vídeo, tentando decifrar seu simbolismo. Acho que encontrei um que me convenceu.
Alguém escreveu que esse monstro peludo é a personificação de sua depressão. Ele fecha as cortinas, a coloca em um estado sombrio e quando se vai, por instantes, pela porta, ela parece menos abatida, tem luz na casa e há uma naturalidade maior em suas ações. Quando ele volta, com violência, e ela tenta se desvencilhar desse estado, até começar a dançar com sua depressão.
Poeticamente triste e dolorosamente lindo.

Li em um blog americano que iamamiwhoami faz o que ninguém em nossa era faz. O mistério e a não promoção faz com que os fãs de seus music videos sejam fãs verdadeiramente de sua arte. A promoção é a não promoção. Isso é difícil numa era em que se espera resultados e reconhecimentos imediatos, o que pede uma aparição imediata, e esse projeto fez exatamente o oposto, talvez seja por isso que esteja dando certo.

Num Grammy sueco, iamamiwhoami ganhou o prêmio de "Inovador do Ano", quem foi receber? Uma mulher anônima com um envelope que lhe foi dito para abrir no evento. Havia um pedaço de papel em branco dentro e tudo o que ela disse estar sendo autorizada a falar era "obrigada". Vídeo.

Todo mundo sabe que a cantora é sueca e se chama Jonna Lee, porém, a mesma nada disse sobre isso e o mistério acerca de quem está por trás desse trabalho fantástico ainda perdura. Há especulações sobre o lançamento de um álbum para Junho deste ano e coooom certeza, eu terei o meu! Pois não há como explicar o que sinto quanto vejo os vídeos maravilhosos de iamamiwhoami.
Isso é arte!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Eu exalo...

Pra ser sincero quero estar pleno de mim
Quero ser meu e enfim amar
Amar todo o ser e estar a fim
Com olhos e poros descobertos
pra sentir tudo o que há
é só isso que eu espero

Você eu tenho e agora pretendo voar
certo sendo assim de mim
Me livrar de consciência
e tatear a transparência
Tudo pra de fato ser!
Fazer do mau o bem estar
e, de instinto, transcender

Que sensação mais chata de se ver
que modo difícil de enxergar
Eu queria me arremessar
Me permitir, me libertar
Sem um modo de viver
Depois quando não se encontra
se vê parado em receio
sem subir e sem descer
e quando vai procurar no espelho
vê o que não queria ver:
um espantalho de você
É aí que se quer por qualquer meio!

A ti agora, quando te olho
sinto sanguessugas em meus poros
(me seguindo e me sugando)
se alimentando dos meus olhos.
É que te aprecio mais que a mim
e te assedio pra me ter
Pois atrás do que lhe dirijo
me redijo um "eu te amo"
E te entrego, perante meus olhos,
minha sensação
esmagada em nossos corpos

Eu
exalo
você
Me alimento de mim
e exalo você
Me
alimento
de você
e exalo a mim
eu exalo,

eu exalo...
sem me ver...
eu exalo...

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Torpor

Sinto um tremelique atemporal de auto estima, duramente estimulado pelo tempo denso e tardio de maturação do estado de espírito. Dou-me às migalhas para mim e minto o meu eu nas tradições, torpores, estupores... eu sou um torpor, estigmatizado, tentando... tudo que tenho é tentativa, tudo que tenho é transtorno. Vivo uma violência mental vividamente ativa pela vida, logo se não a vivo, morto vivo.

A hora de morrer é o mato onde pisei, vai-se no mato que fumei, falo da morte que traguei. Pensar... pensar... pensar...

Se eu pudesse falar com meu cérebro lhe diria PARE! SINTA! PARE! CRESÇA! FODA-SE! ESQUEÇA! FODA-SE! FODA-SE! FODA-SE!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Ontem

Ontem eu conheci uma garota encantadora, que me fazia enxergá-la com os sensitivos olhos do coração. Teria me aprofundado mais nela, se minha doença degenerativa chamada racionalidade não me fosse tão ridiculamente esmagadora. Mas ela bagunçou toda a minha cabeça, toda a minha visão de mundo, apenas por ser ativamente aquilo que eu acredito que o homem deveria ser.
Ela é humana, pura, também não cabe dentro de si, também tem doenças emocionais criativas, ela escreve, está para publicar seus poemas carregados de sensações... Suspirei por ela, me deprimi por ela, pois é aquilo que eu preciso pra mim. Preciso viver assim, é como se eu tivesse encontrado a forma de viver, embora não saiba usá-la, e é o que ela faz... vive. Independentemente independente! Viva Lívia...