quarta-feira, 20 de junho de 2012

Fim

Dei alta pra minha psicóloga, decifrei segredos indecifráveis e a verdade verdadeira se sobrepôs ao que eu achava real. Tomei o chá da consciência, da resplandecência e tudo o que eu queria saber se materializou diante dos meus olhos e das sensações.

Eu morri, me matei, transformei-me em luz, flechei minha escuridão e o que era estigma se desfez em pó, de modo que, ao me olhar, olhei o todo e não me sinto mais ensimesmado e necessitado de cantar-me auto exaltação... tudo é tão pequeno e efêmero diante do que é.

E é! Existe!

Portanto, hoje abandono meu blog como abandono o eu que ficou, que está ficando, símbolo do meu ego e do meu passado, criado à partir de outras questões em outra época, enterro aqui uma era e começo uma nova, iluminada.

A criação, partida da essência do ser para um bem maior será trabalhada e você poderá me encontrar no

http://criadoescrito.blogspot.com.br/


onde o eu existe, sem outros eus ou eus mascarados de psicologia egocêntrica.

E o que fica, fica, muita luz e mudanças para o que vem...

vem...

vem...

vem...

VEM...!

[Evoé] 

O desacorrente

Eu te matei de mim
Tirei o ti de todo meu eu
Mudei
Transfigurei
Renasci
Me libertei dos meus fantasmas
Não tinhas culpa
Nunca tivera
É uma nova era
que me espera
Sem ti,
Pra mim

Eu te tirei de mim
Com toda a honestidade
Liberdade de verdade
De ser
Não de esbórnia
mas de entrega
pessoal
Ao que sou
Ao que serei
Te agradeço
e lamento
mas não dava pra seguir

Eu te libertei de mim
Pra voar
Pra matar a sua sede
em águas claras
verdadeiras
Para o que tendes a oferecer
Que é muito
Que é demais
Não sou mais
O seu rapaz
Sou meu
Sou eu
Não seu
Não mais
Sou mais
Adeus.

Acorrentado

Às vezes eu me pergunto
Por que me pergunto tanto
e tanto às vezes me faço porque?

Tem hora que sinto
que o sentimento só varia
e a sensação tem várias horas

Por vezes eu penso
que pensar não é tão preciso
e que a precisão é não pensar

Por horas eu me apego
ao apagado de notar
e me apago no apego

Tem vezes que eu sorrio
e não há infelicidade
e me acorrento nessas vezes

Nessas vezes de verdade...

terça-feira, 12 de junho de 2012

Alegria

Alegria física
Empacotada
Alegria zonza
Engarrafada
Alegria efêmera
Desnaturada
Alegria semântica
Aprisionada
Alegria posta
Impressionada
Alegria estúpida
Desamparada
Alegria desforrada
Famigerada
Alegria autêntica
Destemperada
Alegria supérflua
Inusportável
Alegria esperada
Memorável
Alegria romântica
Insuperável
Alegria
Indispensável
Alegria
Insustentável
Alegria

terça-feira, 5 de junho de 2012

A Outra

Marília acordou depois de estar drogada de inércia. Levantou-se bamba do piso frio e sentiu um afogamento cerebral lhe mover pra frente. Estava caída.
Algum elástico de infelicidade, lhe fez buscar a si própria pelo mundo, a fim de se reconhecer e se estimar. Apanhou o vestido verde, a sandália cinza e os óculos escuros, depois andou... apenas andou.
Parecia atraída pelos espelhos pelas ruas, para esconder a ferida, aturdida se olhava, até se admirava, concluindo um pensamento, era um inflador de sua moral refletida no visual. Se se visse gostaria, e era essa sua necessidade.
Os espelhos estavam cada vez mais próximos e sua cabeça, antenada, apontava o seu olhar, olhando pra fora, pra dentro melhorar. Então, acabou sua jornada numa avenida movimentada, com a lua ensolarada. Não havia portas espelhadas, carros estacionados ou vitrines embaçadas, o que havia era o instrumento de sua agonia passando em alta velocidade.
Precisava se olhar e não podia se ajeitar, estava presa em seu existir. Marília estava presa em si. Sem se olhar, sem olhar, só conseguia lamentar... se entristecer...
Marília...
Então...
Matou.