Estava Pedro sentado com as costas no encosto, os óculos escorregavam pelo rosto suado, a cabeça pendurada estava a olhar o chão, seu cigarro pousava no incensário, há muito salpicado de cinzas da nicotina. O dia estava
claro, mas somente gotas de luz entravam pelas frestas enegrecidas da madeira velha.
Pedro tragou. Pousou. Esperou.
Parecia que uma atmosfera elefante se instalara ali, e só
isso restara. Tudo estava abandonado, os móveis, o teto, o outro quarto, os
brinquedos, tudo estava empoeirado, Pedro estava empoeirado. O papagaio já não
estava empoleirado, voara também, precisava de “novos ares” também, também
viveria feliz e talvez também desejasse o melhor pra Pedro. Seu coração já nem se
sentia pedra, mas a cabeça se sentia apedrejada. Pedro suspirou, olharia pro
relógio se ele existisse, e quase se aborrecia com a demora.
O telefone tocou. De repente tudo levantou vôo, o cigarro, a
escuridão, o suor, os óculos. Pedro estirou a mão para atender, um raio de
esperança germinava de sua fotossíntese e então estacou. Pedro petrificou, a mão
já não tencionava, o peito já não repousava. Será que tudo estava voltando? O
telefone prosseguia tocando enquanto o veneno fazia efeito, e então, Pedro caiu
da cadeira, derrubando a mesa, o cigarro, o incensário. Tudo sujou sua roupa
suada e a cinza do cigarro fez uma sopa indigesta com o suor do homem. A dor
lancinante apagou as luzes do aposento e o telefone então parou de tocar... e
Pedro parou de respirar.
pedro morreu?
ResponderExcluirhttp://rocknrollpost.blogspot.com.br/
Nossa que triste. :/
ResponderExcluirSe ele tentou atender, ele queria sobreviver.
Cara muito triste.
Ps: to seguindo o teu blog ;)
ResponderExcluirAtmosfera elefante, rs... sei bem como é
ResponderExcluiravião =s
ResponderExcluirnão entendi nada =s²