domingo, 22 de abril de 2012

Julgamento

A estrutura da casa estava vindo a baixo. Marília corria e se escondia em todos os cantos, mas não podia ser invisível a seus olhos, mesmo que os fechasse. Pedra sob pedra a ameaçava, mas de maneira nenhuma a atingia, e de maneira nenhuma ela rechaçava. Seus machucados eram originados em seus tropeços, desatenções, quedas, tudo o que já estava no chão.
A geladeira estava inteira, parecia intocada, Marília a viu de outro cômodo. Incomodada, receosa e abstinente, focou a direção, desfocada em visão, trôpega, limitada a pensar o que a esperava quando abrisse a porta gelada.
A chuva de concreto se acentuava, Marília, em seu descaminho, tirou de seu caminho, utilizando-se de seu sangue e carne, seus livros, cadernos, o fogão, todas as garrafas, as caixinhas lacradas, as embalagens divertidas, o arpão... Já com a mão na lateral da porta, um pedregulho a atingiu em cheio, no rosto, arremessando-a contra a pia, estraçalhando o que ainda resistia. Marília já não assistia, ia sendo engolida por sua batida, acelerada, descompassada, como se fugisse de si, mas sua mente já estava inteira inconsciente, sua casa já estava inteira derrubada.

2 comentários:

  1. NOSSA, MUITO LEGAL O POST LI E ACHE BOM.. OTIMO BLOG..
    COMENTA NO MEU TB:

    http://debysabetudo.blogspot.com.br/2012/04/utilitarios-e-brushe.html

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  2. Interessante, sua escrita silencia tudo ao meu redor. http://worse-or-better.blogspot.com.br/

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