São momentos com esse, em que estamos dentro do trem em direção a algum lugar, em meio a solidão e ao balançar do vagão, as paisagens andando do lado de fora, que me dei conta do quão poético nosso dia-a-dia parece ser.
Simbolicamente falando, temos que desembarcar onde fomos destinados. Você pode encontrar dificuldades para entrar, pra sentar, e até para se sentir confortável para escrever um texto. Você da de cara com a moça bem arrumada, com pinta de executiva, com o moço do violoncelo que desembarcará na próxima estação, com os rapazes bem arrumados cheirando a tesão, com os sonolentos do sexo da noite passada, com os obesos que lêem se jornal tranquilamente, com o casal que conversa animado dançando com as mãos, com o descolado fashionista que escuta sua música e canta com seus membros. Os idosos que pedem passagem, os adolescentes sempre em polvorosa quando em bando estão e os que se abraçam com a parede quando sozinhos estão. Os rapazes com seus agasalhos de pêlos e as garotas com botas altas e chamativas, não tão chamativas quanto as vestes do bando de coloridos que adentram, fazendo algazarra entre eles, conversando todo tipo de inutilidade e rindo de tudo.
Estranho... até agora ninguém veio vender nada, justo hoje que estou morrendo de fome!
Nunca pensei na vida dessas pessoas que esbarro todos os dias, pois sempre sou tão individualista e só foco em mim mesmo. Primeiro, o que movimenta esse trem a me levar é minha paixão pelo lugar onde estou indo, é na realidade o meu amor pelo que conquistei... mas, então paro no tempo e penso: a liberdade é tudo? Não responda, é para ser retórica e falsamente poética, (embora a resposta para mim esteja muito clara!). Nesse momento comparo a cobra de ferro com o caminho de toda a nossa vida.
Durante muitos anos temos deixado a vida nos levar, imagino como seria se isto fosse material como é descrito, e no como seria fácil se pudéssemos escolher uma estação, pagar barato por ela, e deixar um trem como este nos levar.
Droga, perdi muitas paisagens me concentrando nisso, mas não me arrependo, pois além de já ter visto, passei por muitas e vivi intensamente cada uma delas, tal como estou vivendo esta... mas, afinal, para onde estamos indo? Não quero descobrir, as surpresas são tão importantes quanto nossas pernas.
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"não tão chamativas quanto as vestes do bando de coloridos que adentram, fazendo algazarra entre eles, conversando todo tipo de inutilidade e rindo de tudo." kk pode crer, só falam bobagem. e pior é esse bando que sempre fica perto de mim parece que eles sabe que eu os odeio e os matar à agulhadas, e fazem pra me testar !
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