terça-feira, 29 de maio de 2012

25/05/2012

Levantei de janela aberta, lavei bem os olhos pra enxergar e vesti qualquer coisa. Não pus os óculos escuros, queria ver tudo como era, também não coloquei o fone de ouvido, a fim de escutar meus próprios pensamentos. No meu peito, uma aflição, que molemente comprimia meu esterno. O tempo onde eu vivia estava pacífico, dando uma sensação de plenitude, falsa sensação, falsa plenitude.
Eu era o espectador de mim, lutando comigo mesmo pra andar sem me assistir.
Voltei pra casa pior do que saíra, o corpo talvez mais leve, mas a cabeça pesava uma tonelada, as costelas também. Estavam cheias, como eu. Era o sexagésimo sexto dia que eu tentava a mesma coisa, hoje é dia seis e eu ainda não consegui colocar meus demônios pra fora.

Platônico II

Um dia eu olhei pro céu e desejei um amor, ele não veio. Pelo contrário, caíram genéricos e mim, alguns que me quebraram, alguns quebradiços, outros cabrestos e outros que eu quebrei.

E então... te conheci você bradava, eu era o ouvinte e já lhe admirava, não sabia dizer se era bonito, mas me perguntava.
Os dias passavam, você me julgava  eu te ouvia, nos distanciamos e você me notava, de uma maneira diferente contundente com o que eu já pensava de você. Mudara, o corte de cabelo e a barba. Seus olhos apareceram e a minha intenção também. Quando dei por mim, já estava dado, dando pra imaginar nós dois sozinhos. Eu ouvia muita coisa de você, coisas ruins e as boas que já sabia. A fantasia dos meus dias era sua imagem me dando atenção, me sendo carinhoso, me admirando, tanto quanto eu admiro.
Temos vinte anos de diferença, minhas sensações são muito amistosas, mas eu só te conheço superficialmente, de palavras, brincadeiras e explanações.

Olha só, hoje olho pro céu e não peço mais nada, fico a imaginar uma relação inimaginável, que me faria feliz, mais encantado com o mundo.
[Sirius]

sexta-feira, 18 de maio de 2012

A Fuga do Papagaio

Quando tornava-se sério ou aborrecido, caía-lhe o resto do rosto, sustentado pelos cílios inferiores, talhando seus olhos em frios e indiferentes, quase cruéis; a boca, habitualmente carnuda, era agora quase uma linha de tão fina.
Era este rosto que fitava o espelho, especificamente nos olhos, com um mundo de engrenagens invisíveis funcionando dentro do crânio, este já coberto de inutilidades. Pedro desviou os olhos e abocanhou seu copo de café semi frio com conhaque, bebeu, engoliu, suspirou. O rosto ainda caído apontou para o fundo do copo e um quase nada de satisfação perpassou seu interior... Nada como um pouco de álcool para compensar um coração aflito.
O medo inconsciente que tinha de si próprio o levou a caminhar até o incensário e dar-lhe função. Em seguida acendeu outro cigarro, sentou-se à poltrona velha e olhou a vaga claridade que entrava da janela. Cerrou o cruel olhar e divagou em sua mente, longe de meditar, sentiu os lábios se descontraírem pouco a pouco e iniciou em si um processo de putrefação externa: Pedro acordava dolorido, comia solidão, passava a tarde vazio, bebia amargurado, fumava inerte e dormia agoniado. Era em si um enterrado, era o fim de um presidiário, pois os presos tinham companhia, Pedro nem tinha sábado.
Na segunda da segunda fuga, em que as pulgas faziam mais sentido, Pedro se viu ensimesmado confrontando um outro frasco, que não os de alegria engarrafada, era um traço de caveira que lhe causava vertigem no olhar. Pedro nem tinha sábado...

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Não é uma Hora da Brisa!

"A Nasa, a agência espacial americana, divulgou nesta quarta-feira (16) que 4.700 asteroides podem ser potencialmente perigosos para a Terra, segundo dados da sonda WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer), que analisa o cosmos com luz infravermelha.

A agência informou que as observações da WISE permitiram a melhor avaliação da população dos asteroides potencialmente perigosos de nosso sistema solar. Esses asteroides têm órbitas próximas à Terra e são suficientemente grandes para resistir à passagem pela atmosfera terrestre e causar danos se caírem no nosso planeta.


Os novos resultados foram recolhidos pelo projeto NEOWISE, que estudou, utilizando luz infravermelha, um total de 107 asteroides potencialmente perigosos próximos à Terra com a sonda WISE, para fazer prognósticos sobre toda a população em seu conjunto.Segundo a Nasa, há aproximadamente 4.700 deles - com uma margem de erro de mais ou menos 1.500 -, que têm diâmetros maiores que 100 metros. Até o momento, calcula-se que entre 20% e 30% desses objetos foram localizados."


[Fonte]
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Notícias assim são até que comuns, sobre asteroides, surgimento e desaparecimento de planetas e estrelas, o que ocorre com a camada de ozônio, o sol e o aquecimento, a lua e o que ela causa...
Esse é o tipo de informação que me conecta com o universo, que me faz olhar ainda mais para cima e enxergar essa humanidade grandiosa tão pequena e insignificante.

Deveríamos todos olhar para a nossa vida do ponto de vista de um ser feito de átomos, parte de um único planeta que convive com E.T.s variados da mesma espécie e que reconhece o seu habitat tal qual reconhece os outros. Penso que isso traz calma, paz interior e exterior e tranquilidade da hora de levantar a cabeça até a hora de deitá-la de novo.
Algumas músicas podem falar por mim...

[Cássia Eller - Queremos Saber]

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Cardume


Há uma urgência em escutar, uma urgência que ultrapassa a urgência de aprender. Mas aprender a escutar é uma urgência, que ultrapassa os outros aprenderes, que tem de atravessar nós aprendizes. Somos de carne e osso, tentamos por em pauta a alma, mas só sai fala, é como se nossa alma fosse fala, e não é! Não pode ser!

Sensação. Sentir.

É mais plausível o que, falar ou sentir? Exteriorizar, não só pela palavra, talvez não seja o tempo todo importante, é só sede de imponência, descoberta do inconstante.
Mas o que é importante? O meu fazer teatral ou o coletivo, nesse caso? Natural é sermos cardume, mas afogar-se é só opção. Há sempre de lembrar em deixar a cabeça fora d'água, pois o divertimento, a descontração, a festa e o coleguismo, excessivos, nos afastam da montanha, que é o real motivo pelo qual nadamos.Saibamos, pois: cardume somos, não peixes seguidores.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Platônico


A semana se arrastara para um louco apaixonado de amor platônico. Com o coração despedaçado, eu via vitrines, pisava no mato, em busca de um meio pra largar esse estado. Então, corri, corri com a intenção de meu coração ser comprimido na coluna e sair pelas escápulas, não que já não houvesse um buraco em meu peito. Caí em cima do meu orgulho e lá beijei o asfalto... Ah, responsável pelo meu relato, e tu intacto, tu que nunca me amaste, vós que sabes que a sorte não arrebenta dos dois lados, você que conhece os segredos da vida e da morte, só não desvendou o meu olhar.
E onde estais? Prestes a se casar e em Julio Prestes se alojar... Talvez eu volte a olhar o mar, donde dois golfos se cruzaram e um deles virou seguidor do outro, mas por hora eu me resumo a sentar no quinto andar, sem areia, sem sol... sem você.
Me encerro no cinzento renitente, com a tevê de companhia e lembranças inexistentes.
E com o que tenho, eu tento, perseguindo um outro intento, mas que é só um, é fruto de desalento. Neste caso, não há órgãos, é só remédio, e como tenho que esperar que sua vida seja feliz: parabéns... pelo casamento.

[Por Sirius]

Hora da Brisa: que brisa é essa?

Já repararam que o 6 vira 5 e o 5 vira 1? E o 6 sempre será 1 se contarmos 10 de 5 em 5, neste caso o 10 vira 5 e no inverso o 1 vira 10. isso porque ainda não citei que o 7 pode ser 2, o 8 pode ser 3, o 4 pode ser 2, o 3 pode ser 9 e o 5 pode ser 6. Mas uma coisa não muda, se contarmos de 5 em 5 no sentido inverso, o 3 sempre será 3, mas não exclusivamente.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

De Amor

Acordar com teu olhar
Despertar com o contemplar
é como encarar o mar
É como vento no voar
é como a imensidão da vida

É como o dia de partida
de um mal lugar
É como abrir a porta esperançada
garantida pra viver
É como renascer
após desfalecer.

O brilho, instante único
como luz num beco escuro,
é como escada em poço fundo.
Acordar e te olhar
é coisa linda, pra sonhar
é pra um louco se entregar,
é pra devoto ajoelhar.

Te sentir no coração
dói, mas não fere não
Cura a usura do bater,
vira espasmo e convulsão
carne vinho do viver
Bate e vive por você
Nós
Só temos a crescer.