Semana passada eu peguei o metrô com um senhor amalucado, trajado como quem acabara de voltar de uma partida de futebol com os amigos. Seu rosto tinha algo de Bruno Gagliasso, apesar da sua idade.
Foi muito gentil com a moça a sua frente, pediu para segurar sua mochila e ela, ainda que temerosa, deixou. Ele, no entanto, agira como uma criança confusa e curiosa: grampeou seus olhos na papelada da moça do banco ao lado, pediu sorrisos simpáticos com o olhar e prestava atenção em tudo.
Levantou-se de chofre e pediu à mesma moça da mochila que se sentasse em seu lugar. Ela recusou, o homem então disse numa voz alta, quase sem controle do volume "Eu vou descer logo, eu vou pras Clínicas!"
Eu e mais um grupo de pessoas próximas gargalhamos convulsivamente, embora procurássemos disfarçar e supondo que duas de nossas costelas já houvessem se partido com o esforço para não rir. Clínicas era realmente o que ele precisava, mas não me ative somente a isso. Pessoalmente, achei que meu futuro seria aquele, vivendo em uma dimensão diferente das pessoas comuns. A vontade de vestir uma roupa qualquer quando desse na telha, de gritar quando as luzes do vagão piscaram, vontade de ser simpático com todo mundo como se os conhecesse de longa data e de farolar os olhos espantosamente azuis nos objetos absolutamente normais e mirá-los como se fossem algo novo para ele/mim. Tenho simpatia por essas pessoas. Querendo ou não, ele arrancou o primeiro sorriso do dia de muitas pessoas ali, inclusive das pessoas quadradas, que olharam feio pra ele no começo da história, eque com certeza lembrarão dele e contarão seu fragmento de história para as outras pessoas, como eu.
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