Discurso de Formatura do TERCEIRÃO

Vocês sabem que eu não sou nada formal, né? Então vamos lá: Gostaria de falar de fronteiras, fronteiras que quebramos durante nossos quatro ou cinco anos de convívio ininterrupto… não que a gente não gostaria que não fosse, né? Quantas vezes nós falamos: “Ai, não agüento mais vir pra escola!”. E hoje já sentimos saudades, né? Não, não das aulas, mas das pessoas que nos cercavam. Éramos sim amigos de longa data porque querendo ou não estávamos lá, nos víamos todo santo dia! Que porre né?
Voltando às fronteiras: quebramos nosso tabu e tivemos relacionamentos maravilhosos, me deixa ver com quem: com a tia Márcia da limpeza, com a tia da secretaria de nome desconhecido, quem mais? AH, com a tia da cantina! Tempo que não foi em vão, pois precisou de uns dois anos pra aproximar um grupo e mais que três anos pra juntar a sala. E tantas pessoas vieram e foram, e elas continuam conosco. E cá estamos direcionando nossas vidas!
Quem aqui nunca discutiu com a Letícia? Levante a mão quem já foi mandado pra fora da aula do Ricardo? Mais fácil levantar a mão quem ficou em sala, né! Quem aqui nunca se enfureceu com a Deise ou falou mal do Kassiano? Ou nunca tretou com ele também?
Alguém aí se lembra dos aniversários que fazíamos ilegalmente em classe? A comemoração dos 26 anos do Arthur e dos outros bolos que a gente comia em classe. A Janaina sempre tinha comida, a Sarah também! Lembra quando comparavam o 3º B com o 3º A? O que falavam da gente? Nossa sala nunca foi elogiada, porque a gente era um bando de bagunceiros mesmo e hoje podemos falar que nos divertimos pra caramba! Lembram aí do Churrasexy? Das aulas do Lucas, da Bia e da Camila? Das campanhas: “Adote um mafará”, “Faz a Raul”! E as Rebecas da Letícia que a gente ouvia semanalmente? Por favor, se alguém revelar o que é Rebeca vai quebrar nosso código de silêncio. Ah, as teorias conspiratórias do Rafael, que a gente achava que ia destruir o mundo! Das intermináveis discussões sobre se Deus existe ou não, nas aulas de Filosofia! Quando a gente anarquizava tudo e decidia não fazer nada, faltar a classe inteira ou fazer barraco na sala da Jennifer ou levantar voz contra o caderninho do aluno! Dançávamos no corredor, cantávamos na sala, escutávamos música alta, debatíamos, discutíamos, gritávamos, falávamos alto, ríamos de besteiras, caíamos de bobice no chão e COMO A GENTE COLAVA NAS PROVAS DO RICARDO, Nossa Senhora! Era ele passar a prova e no dia seguinte tava o maior mercado negro de papéis pra lá e pra cá. Falávamos dos ocós, da Ronalda, daquela feia que a Isabela imitava, dos mafarás que iam com a calça por dentro da meia, como ríamos deles né? Falávamos mal de todo mundo, até de nós mesmo, até na nossa cara, a gente falava mal das roupas da Carol, da boca da Janaina, do cabelo da Camila, da risada do Lucas, dos gritos da Aline, da música do Maurício, do jeito da Amanda, do pagode da Natalia, da chatice do Gabriel…! Éramos o que a Kássia chamava de deselegantes! Éramos uma boa classe! Nos unimos no final de tudo! Graças a nós mesmo podemos dizer que nos divertimos no colegial! Puta merda, como eu vou sentir falta disso tudo, frase clichê de formatura né, mas vou, e como vou! E como vamos! Graças a isso tudo que passamos, há todos esses anos e dedicado aos que passaram por aqui, hoje somos uma ótima lembrança do nosso querido TERCEIRÃO!