Sobre as pilhas de concreto
o nosso papo aqui é reto
Passa por rios de desgosto,
senta em bancos de solidão
Minhocas gigantes
Monumentos errantes
Meses de manutenção
Dinheiro na mão
cores pra enfeitar os
vários tipos de cartão
O direito de sentar,
o bom senso pra enfrentar
Chuva, molhado
Dia quente, ar-condicionado
Usuários em reclamação
Empresa aumenta o custo
A greve pára o uso
E somos obrigados
temos de pegá-lo,
temos de encontrá-lo
somos todos operários
em busca do nosso horário
Horário esse marcado
pelos nossos empresários
Eles pagam a nossa vida
E não pagam o nosso ouro
e, sem nem latão pra argumentar,
continuamos a esperar
Esperar, esperar, esperar,
Aquele trem passar
aquele trem parar
e se ao menos tivesse lugar
Lugar pra sentar
Depois de um dia desses
a gente perde a fé
e ainda tem que ir de pé
Tem que segurar
e disputar lugar
até a hora que a estação chegar
E pode rezar
pra conseguir sair, enfim
e reunir pertences
e reunir coragem
Para o outro dia
para trabalhar
para produzir
tudo o que não vem pra si
E o vai enriquecer
e vai te empobrecer
Fazer cair cabelo
Pagar o tratamento
daquele câncer novo
que chama-se dinheiro
Aquele que você não vê,
quem vem e paga as contas,
paga o seu suor
e continua a pagar
e o que vai acontecer?
Na manhã seguinte, lá está você
Dez anos mais velho
sempre a esperar
mesmo sem vintém
esperando o trem
esperando a vida
esperando a sorte
Sorte de alguém
que não pode ser você
você está desesperado,
acorda cansado,
e vai pegar o trem
vai pagar o trem
vai pegar o trem
vai pagar o trem...
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Nossa, muito bom!
ResponderExcluirEnquanto lia, imaginava uma música para o poema, algo como um rap, ou rock. Gostei muito do poema.
E.. vivemos esperando! Até mesmo esquecemos o que.
O poema está ótimo.Acho que nem precisa transforma-lo em música,senão ficaria ruim.
ResponderExcluirEsperar é um porre prefiro agir e foda-se tudo
ResponderExcluirpronto, ta virando poeta, ou compositor sei lá depende do olhar kkk só sei que ficou legal.
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