E eu é que trabalho MAIS OU MENOS?

Ontem eu escutei da minha progenitora falando pra uma outra pessoa que eu trabalho mais ou menos! E isso porque ela me apóia!

Pra você que é ator, músico, bailarino, dançarino, artista plástico, artista circense, ou cantor que vive disso, com certeza já escutou coisa parecida. Vamos analisar:

- Ponto 1: Pra que trabalhar com arte?
As pessoas comunzinhas realmente não entendem o porque esse bando de gente se propõe a subir num palco e fazer alguma coisa que transmita algo pros outros! É impossível entender o que faz um filho seguir uma profissão dessas, ou um amigo! Você passa metade da vida pagando pra trabalhar, ou então trabalha de graça, ou então se ferra e fica sem dinheiro durante meses, até que você é OBRIGADO a fazer outra coisa pra cobrir o que você não ganha com sua profissão. Pois é, agora se vire, você escolheu, OTÁRIO!

-Ponto 2: Mas, cá pra nós, dá dinheiro?
Parece que o ser humano só se resolve quando tem remuneração, né! Passei seis anos da minha vida fazendo teatro de graça, por vezes pagando pra isso, afinal, não nasci em berço de ouro e dinheiro sempre me faltara! Porém, como um médico que acaba de se formar, um artista tem que saber aonde vai arriscar e como! Porque as pessoas não entendem? Primeiro que não convivem com um artista de verdade (me contra-refiro àqueles chamados "astros e estrelas da telinha") e, depois, você tem ou não o feeling da coisa... me recuso a ser mais específico!

Pois é, para o artista a profissão não passa de amor! Eu já escutei que tenho que ser registrado logo pra pensar na aposentadoria. "Por que" - eu perguntei, me responderam que se eu não tiver um Fundo de Garantia eu não poderei curtir a vida depois.

Minha resposta foi curta e seca. "Você pretende curtir a vida SÓ após os 60 anos?".
Não quis escutar resposta, até porque ela não veio! Supondo que você trabalhe com prazer, numa coisa que você ame, pra que vou querer me aposentar e curtir a vida? Eu posso trabalhar até o último dia da minha vida, desde que seja no que eu goste!
Graças a um horário que não segue a "linha padrão", de segunda a sexta, de xis hora a zê hora eu posso "curtir a vida" sempre!
Mas esse pensamento de curtir a vida depois da aposentadoria é comprovadamente típico de quem trabalha no que não gosta ou então foi obrigado a gostar, por falta de opção (leia-se "estudos"), ou então de determinações mal aceitas impostas pela vida (leia-se "família").

Agora analise: eu trabalho no que eu amo, na minha área, com tempo e dinheiro para gastar da forma que quero! Já, a pessoa que me disse isso, trabalha há trinta anos pensando na aposentadoria!
Quem trabalha mais ou menos aqui? ELA pensando no fim, ou EU inserido de corpo e alma?