E mais uma vez eu caminho pela estrada da dor e da inconsistência do ser. Às vezes parece que minha agonia não terá fim algum, se eu fosse tema de desfile, seria mórbido, chocante e agonizante. Agradeço a meu cérebro por me privilegiar com pensamentos tão intransigentes e sonâmbulos.
Ser raso é simples como pegar o telefone e magoar um coração encorajado, mas eu temo mostrar a face da verdade e machucar a mentira alheia por tempo definitivo que me leve ao estábulo dos mortos.
Tenho sede de entranhas e pendente paixão profunda pela profundidade pessoal. Quem me olha vê qualquer, mas quem me consome tenta encontrar a diferença talvez forçada que remete a tempos antigos de minha opressão, opressão que pode interferir diretamente na evolução do espírito de maneira degenerativa, falo do meu eu, de um eu confuso e ambulantemente metamorfósico, criado para o consumo e livre arbitrado para uma vida de pensamentos e sonhos. Hoje sou eu, amanhã posso ser outro, me rasgo a massa de pensar e abomino a não-verdade, se quem está aqui não está disposto a se abrir, minha influência, agora externa, se torna inútil e, sendo inútil, procedo afogado na minha insustentável inconsistência do ser...